segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Revolução dos Bichos




As eleições 2010, que decidem quem será o presidente do nosso país pelos próximos quatro anos, estão me fazendo perceber o verdadeiro (alternativo) nome do Brasil: Granja do Solar.


Na nossa granja, assim como na de George Orwell, são os porcos que estão no comando.


Isso, se não é aceitável, ao menos é ao que estamos acostumados. Mas o grande problema, o que incomoda de verdade, é que nós temos sido -sem pudor e sem constrangimento- os cavalos, as vacas, as galinhas, as ovelhas...


A fim de auxiliar a nossa compreensão, os porcos que disputam a eleição de grande porco Mor pintam (ao longo de sua carreira porquitica) na parede de nosso celeiro "As regras da granja do solar":


*Não abandonar um mandato para disputar outro
*Não misturar Estado com religião
*Não difamar os irmãos
*Todos os bichos são iguais


Baseados nessas “leis imutáveis”, os porcos entram em ação por uma revolução dos bichos.


É dada a largada e de cara os porcos nos fazem perceber que cometemos um equivoco absurdo. Esquecemos um detalhe da primeira regra: “Não abandonar um mandato para disputar outro. A não ser que seja para presidência”.


Erro corrigido. Começa a disputa.


Uma nova espécie entra em ação: os cães. Fiéis escudeiros dos porcos.


Justiceiros e engajados, eles assumem o papel de disseminar a verdade. Enviadas por eles, chegam a nós -via pombos correios- mensagens reveladoras: “Ela mata criancinhas”, “Ele é ateu”, “Ela diz ser maior que Deus”.


Diante de tantas revelações, mudamos nosso voto, e “desmudamos”, e mudamos novamente.


Mas calma aí! Eles infringiram a segunda lei: Não misturar Estado com religião!


Votemos no porquinho que está preocupado com a conservação da nossa plantação.


Entretanto, antes que cometêssemos o maior erro de nossas vidas, vimos a verdade na parede do celeiro. As leis, na verdade, diziam:


* Não misturar Estado com religião, a não ser em época de eleição
Com mais um erro corrigido, chutamos o porquinho verde da disputa e nos concentramos nos dois restantes.


As mensagens não param.


Dessa vez não são só os cães que mandam, os porcos também. Não vemos mais o sol, ele está coberto pelos pombos que não param de chagar com mensagens cada vez mais ameaçadoras: “Ela já cometeu assassinato”, “Ele quer vender a granja”, ”Ela é terrorista”, “Ele é covarde”.


Alguns animais chegam a pensar que havia uma lei que proibia a difamação dos irmãos bichos, mas os porcos lembram-nos que a regra era clara: “Não difamar o irmão, a não ser por uma eleição”.


Constrangidos com nossa falta de memória, pedimos perdão aos porcos, que solidários como sempre, encontram uma perfeita solução: A ultima lei será a única, e resumirá todas as outras:
“Todos os bichos são iguais, mas alguns são mais iguais que outros”.

Por Will Carvalho

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Eu gosto do teu nome

Eu gosto do teu nome
Eu gosto do teu rosto
E entendo quando feres aos que a ti se achegam
Não é por mal, é por que aí está a tua natureza
Mas quando se acostumam a tua presença
Entram no teu íntimo e o reconhecem lar
Não estranham o teu arredio olhar

Eu gosto do teu nome
Sobretudo quando pronunciado pelos teus filhos
Os nascidos em tua casa
Os que aprenderam contigo
Mas que isso não deixe ninguém enganado
Pois sabes tratar com igual cuidado
O filho do teu ventre e o teu filho adotado

Eu gosto do teu rosto
E não importa a tua cor
Se a imagem é preta e branca, se é verde
Admiro igualmente
Emociono-me com igual intensidade
Como é bom ouvir teu filho dizer, com a língua entre os dentes:
Caatinga!